Uma ferida que dói e não se sente. Um vazio que enche. Um amor que, para prender, precisa antes soltar. A literatura e a música são cheias de paradoxos. Uma figura de linguagem que flerta com o impossível. Uma figura de pensamento que se baseia numa aparente contradição e que desafia a lógica ao propor a união de coisas absolutamente contrárias.
Ao propor a coexistência de ideias tão opostas, um paradoxo parece à primeira vista absurdo e sem solução. Mas, quando examinado com mais cuidado, ele carrega em si a possibilidade de criar algo novo a partir da convivência com o contraditório. Os paradoxos desafiam o senso comum e, por isso, podem levar a soluções novas e melhores.
O mundo dos negócios está cheio de paradoxos: como, ao mesmo tempo, ter agilidade e precisão? Como ser arrojado e prudente? De que forma podemos dar segurança e, ao mesmo tempo desafiar as pessoas? Como é possível reduzir custos e aumentar a qualidade?
Lidar com os paradoxos é um dos principais desafios da liderança. Diante de demandas e pressões aparentemente irreconciliáveis, somos tentados a dar respostas simplistas e a abraçar de forma até preguiçosa os manuais da administração que dizem, por exemplo, ser muito difícil ter custo baixo e oferecer alta qualidade nos serviços simultaneamente.
É claro que o posicionamento de mercado escolhido pela empresa afeta diretamente o seu modelo de operação. Porém, num mundo complexo e dinâmico como o nosso, mesmo as empresas com serviço premium serão cada vez mais cobradas por enxugar suas despesas, só para ficar nesse exemplo.
Agarrar-se a uma das polaridades (custo ou qualidade) e se fechar totalmente para o diálogo e para a possibilidade de buscar soluções que combinem diferentes ingredientes é uma demonstração de falta de maturidade da liderança. Preso à sua área, aos seus interesses e à sua visão de mundo, o gestor não consegue enxergar os negócios e os processos sob uma perspectiva mais ampla.
Os debates ficam polarizados. E, no ambiente corporativo, a polarização tem o mesmo efeito nefasto que na política e em outras esferas sociais: inviabiliza o diálogo, mina a confiança e o trabalho em equipe e afeta a performance da empresa ao prejudicar a visão sistêmica e o trabalho integrado das diferentes áreas.
As lideranças precisam buscar soluções que fujam da armadilha das polaridades. Não se navega em um mundo complexo com soluções simplistas. É necessário criar pontes, ouvir, negociar, buscar novas soluções que combinem diferentes perspectivas.
Como líder, é preciso às vezes fazer escolhas e ter coragem para insistir no “OU” (ou isso, ou aquilo). Outras vezes, porém, é necessário sabedoria para apostar no “E” (isso e aquilo), combinando várias perspectivas para criar uma nova solução.
E você, como gestor, que pratos tem tentado equilibrar? Quais são os grandes paradoxos com que você precisa lidar para atingir seus objetivos? E como você está lidando com as diferentes polaridades?
Fonte: http://beehavior.com.br/paradoxos-polaridades-lideranca/