Menos e-mails e mais feedback. Entenda como é liderar equipes com jovens da geração Z
Há dois anos atrás, Daniel Pedrino, presidente da Faculdade Descomplica Digital, se surpreendeu quando descobriu que seus funcionários estavam fazendo a reunião de produtos de tecnologia dentro de um videogame online.
“Eu quis saber o que raios era aquilo. Reunião dentro do videogame? Aí eu comprei para ver o que era e experimentar. Se tem uma coisa que acho incrível da nova geração é que eles te puxam e trocam conhecimento”, diz.
Esse é um dos diversos exemplos que Pedrino conta que tem aprendido como um líder dentro de uma empresa cuja equipe é majoritariamente composta por membros das gerações Z e Y. Juntando as duas gerações, elas representam 87% da empresa. Se for considerar apenas o público com até 30 anos, o número cai para 65%. Mas os jovens ainda são maioria.
São considerados membros da geração Z aqueles nascidos após 1995. Já a geração Y, os millennials, são aqueles que têm entre 25 a 34 anos de idade.
Segundo o relatório de tendências para o futuro do trabalho da consultoria ManpowerGroup, o encontro de quatro gerações dentro das empresas é um dos grandes impactos disruptivos que o mercado vai sofrer nos próximos anos.
De acordo com a consultoria, as duas gerações são marcadas por algumas características distintas:
Geração Y: buscam por mais flexibilidade, querem aprendizado constante e pensam na carreira em ondas
Geração Z: se preocupa mais com dinheiro, busca desenvolvimento de carreira e valorizam o desenvolvimento de competências
Essas são características que Pedrino vê constantemente no seu dia a dia de trabalho. Além das novidades tecnológicas que a geração mais digital traz, ele aponta que vê os funcionários muito preocupados com feedback constante e mentoria.
“É uma geração ávida a crescer, eles querem trabalhar e fazer coisas novas, querem ser protagonistas da mudança. E eles gostam de criar vínculos e ter senso de pertencimento. No passado, a gente torcia para o chefe não convidar pro happy hour, eles cobram pra gente organizar algo juntos”, afirma.
Um ponto de atenção para o líder é: após pedidos de feedback constantes, geralmente vem a ansiedade para a promoção. E essa geralmente não vem na velocidade e periodicidade almejada.
“Você tem que mostrar que o caminho está positivo, mas pedir calma. Como gestor, se você não se comunica de maneira correta, pode criar uma empolgação por causa do feedback positivo e depois frustrar a pessoa”, diz.
Ao pensar em traços comuns da geração, Souto destaca a necessidade de dialogar e a tolerância mais baixa para imposição.
“Eles também são nativos digitais, e não imigrantes, então é normal para eles trabalhar com plataformas e dispositivos distintos”, afirma.
Para ele, a nova geração é a expressão máxima do novo mundo: gostam das coisas rápidas, são mais ansiosos por resultados e gostam de ter visibilidade do ciclo de carreira.
“O líder tem que saber mostrar esse ciclo ótimo de carreira para o jovem. Depois, precisa investir mais tempo em conversas, pois eles querem debater, entender o que estão fazendo e saber se estão indo bem. E o próprio líder precisa estar aberto para aprender o novo olhar do mundo que entra agora no mercado”, diz.
O presidente da Faculdade Descomplica Digital reforça que a personalização é importante no ambiente com diversas gerações.
“Eles podem ver e-mails como coisa do passado, mas aí entra meu trabalho como mentor para falar sobre como uma mensagem pode perder o tom. Do outro lado, temos um diretor de 55 anos e para ele o e-mail é a principal ferramenta. Às vezes ele manda um e-mail com todo mundo em cópia e é meu trabalho replicar no Slack”, diz Pedrino.
A consultoria PageGroup verificou que situações em processos seletivos são "cringe" para os mais jovens, o termo que ficou popular na boca dos jovens e que significa quando algo é vergonhoso.
A geração Z não quer saber de responder sobre questões pessoais que abordam como suas famílias são formadas e acham o cúmulo precisar levar um currículo impresso a uma entrevista.
Na lista do PageGroup sobre o que é cringe no recrutamento, estão alguns outros pontos. Veja mais abaixo:
Levar currículo impresso e/ou preencher um formulário longo em papel;
ter muitas etapas no processo seletivo;
sobre a composição familiar. Qual o seu estado civil? Se você pretende ter filhos, em quanto tempo?;
entrevista presencial em tempos de pandemia;
perguntas aleatórias: sobre o seu signo, se você fosse um animal qual seria;
O que você planeja para sua carreira daqui 10 anos?;
pedir experiência comprovada para processo de estágio.