Fobias
podem ser memórias transmitidas geneticamente
Estudo com ratos comprovou que episódios traumáticos podem
alterar quimicamente o DNA, fazendo com que as gerações seguintes herdem os
genes que provocam fobias
Pesquisadores da Universidade Emory, em Atlanta, descobriram
que uma situação que cause algum tipo de trauma não só provoca alterações
estruturais no cérebro, como também promove mudanças genéticas no DNA. Eles
chegaram a esta conclusão ao fazer com que ratos associassem o odor da flor de
cerejeira a choques elétricos. Depois que os animais se reproduziram, duas
gerações de crias demonstraram temer aquele mesmo cheiro.
Fobia de palhaços é chamada de coulrofobia (Foto: mika est
glauque/Flickr/Creative Commons)
A descoberta sugere que certas informações e experiências
podem ser transmitidas aos descendentes também de forma biológica, e não apenas
por meio da linguagem ou da vivência pessoal. Se comprovado também para os
seres humanos, o mecanismo da transmissão genética da memória será de grande
interesse para áreas como a neuropsiquiatria – assim como existe a
possibilidade de herdar uma doença genética como o câncer, existiria também a
chance de receber dos ancestrais as propensões para patologias psiquiátricas
como as fobias, ansiedade e o transtorno de estresse pós-traumático.
Logo, se você tem fobia de aranhas, o motivo pode ser um
encontro dramático de algum ancestral com um aracnídeo. Neste caso, a
aracnofobia se manifesta como um mecanismo de defesa armazenado nos genes
familiares. “Nós começamos a explorar uma influência pouco valorizada no
comportamento de adultos – a experiência ancestral anterior à concepção”, diz
Brian Dias, um dos autores do artigo,
veiculado na publicação científica Nature Neuroscience. Segundo Dias,
experiências antigas de nossos pais podem influenciar a estrutura e o
funcionamento de nosso sistema nervoso.
Agora, os pesquisadores esperam aprofundar os trabalhos para
entender melhor como a informação se aloja no genoma. O próximo passo será
investigar se o processo também ocorre em seres humanos. A área da biologia que
estuda este tipo de fenômeno é a epigenética.
Legal né? Será que a fobia de baratas é genético também?
Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2013/12/fobias-podem-ser-memorias-transmitidas-geneticamente.html